Uma epidemia que não aparece nos exames, mas está em todo lugar
Ansiedade, burnout, depressão, presenteísmo e afastamentos por sofrimento emocional. Esses sintomas se tornaram parte do cotidiano de milhares de profissionais. Mas, ao contrário de uma crise visível como uma pandemia viral, a epidemia de saúde mental é silenciosa, difícil de rastrear — e ainda mais difícil de tratar depois que explode.
Segundo a OMS, o Brasil é o país com maior taxa de transtornos de ansiedade do mundo. Estima-se que mais de 70% das empresas enfrentam impactos diretos relacionados ao sofrimento psíquico de seus colaboradores. E, ainda assim, a maior parte delas não tem estrutura para lidar com isso.
O que as empresas ainda não entenderam
Muitos gestores ainda enxergam saúde mental como algo individual, “pessoal” — ou pior: um tabu. O resultado disso é um ambiente de trabalho que gera adoecimento e uma cultura que impede a prevenção.
O que está em jogo aqui não é apenas o bem-estar das pessoas, mas a sustentabilidade do negócio. Os impactos são diretos:
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Absenteísmo crescente
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Presenteísmo crônico
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Rotatividade elevada
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Diminuição da produtividade
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Riscos jurídicos e trabalhistas
NR1-Psicossocial: da obrigação legal à oportunidade estratégica
Desde 2022, a Norma Regulamentadora nº 1 (NR1) passou a exigir que riscos psicossociais sejam diagnosticados e gerenciados formalmente nas empresas, dentro do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos).
Essa mudança de legislação não é apenas burocrática. Ela é um chamado para uma transformação cultural: sair da negligência e entrar na prevenção estruturada.
A NR1-psicossocial exige que empresas:
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Realizem diagnósticos periódicos
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Utilizem instrumentos reconhecidos (SRQ-20, GAD-7, PHQ-9)
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Documentem ações de mitigação
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Promovam ambientes psicologicamente seguros
Prevenir é mais barato, mais humano e mais estratégico
Investir em saúde mental não é custo — é proteção de capital humano. Empresas que atuam preventivamente colhem benefícios mensuráveis:
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Redução de afastamentos e turnover
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Maior engajamento e produtividade
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Clima organizacional mais colaborativo
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Reputação fortalecida no mercado
Além disso, alinhar-se à NR1-psicossocial traz segurança jurídica, evita passivos trabalhistas e demonstra responsabilidade corporativa.
Como começar a virar o jogo
Não espere que um colaborador entre em colapso para agir. A jornada começa com três passos:
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Diagnóstico técnico da realidade emocional da equipe
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Treinamento da liderança para lidar com temas sensíveis
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Implantação de ações de mitigação no PGR com apoio especializado
Conclusão: uma escolha entre adoecer ou evoluir
A crise de saúde mental no trabalho não vai desaparecer sozinha. Mas pode ser enfrentada com coragem, estrutura e intenção.
Ao adotar as diretrizes da NR1-psicossocial, sua empresa deixa de ser parte do problema e passa a ser parte da solução. E isso não só muda a vida das pessoas — muda os resultados do negócio.